quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Laranjal do Jari: a única certeza é a instabilidade política!

EDITORIAL


Os fornecedores não aceitam vender seus produtos, pois não terão certeza se irão receber. A merenda escolar, antes item obrigatório nas escolas municipais sob pena de causar a fúria de comunicadores que se intitulam donos da verdade, agora já não faz diferença. Os alunos retornam da escola para suas casas com fome e cada vez mais com menos conhecimento, pois o horário reduzido obriga os professores a correrem com os conteúdos ou ministra-los pela metade. As crianças garantem que não dar para aprender com fome. Também falta papel na escola para imprimir as provas e trabalhos didáticos. Os funcionários já não sabem quem são os seus chefes imediatos. Os chefes já não podem fazer planejamentos porque não sabem quanto tempo irão permanecer na função.
E o povo? Parte do povo fica nas esquinas se alimentando das especulações. Há uns que defendem a permanência deste ou daquele. Outros transformam os fatos pitorescos em novas piadas e contos. Esta é a situação do município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá, que até o fechamento desta edição, teve quatro prefeitos em menos de um ano. Em apenas uma semana o cargo de prefeito passou pelas mãos de três pessoas: Barbudo Sarraff (segundo colocado nas últimas eleições), Bode Queiroga (presidente da Câmara Municipal) e Antônio Soares de Oliveira “Cardoso” (vice-prefeito na chapa da prefeita vencedora, Euricelia Cardoso).
Os cidadãos de bom senso temiam que o município voltasse a ser marcado por esse clima de completa instabilidade política, econômica e social, pois Laranjal do Jari já viveu essa situação no final da década de 90, quando o cargo de prefeito passou de mão em mão, inclusive por vice-prefeito, presidente da Câmara, juiz de direito e interventor do Estado. A pergunta dos especuladores de plantão é: quem é o culpado por esta situação? Seria a lei? A justiça? Os envolvidos? A culpa é dos eleitores?
A culpa é da ambição e do egoísmo humano. Todos os envolvidos se dizem defensores dos interesses coletivos, mas é apenas uma forma de buscar apoio na opinião pública. O fato é que cada um defende os próprios interesses e aquele que sair ileso dessa confusão toda é porque certamente teve mais habilidade para ludibriar os seus interlocutores. A situação deveria ser simples: quem teve a maioria dos votos assumiria a Prefeitura Municipal pelos próximos quatro anos, entretanto, preferiram complicar a situação. A partir daí começou o show de hipocrisia. Ninguém jogou sujo, todo mundo é honesto e luta pelos interesses da coletividade! Quanta ironia! Quanta demagogia! A certeza que temos neste momento é que perdurará a incerteza e a instabilidade. E tem meia dúzia de infelizes felicíssimos com essa situação!

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