sábado, 28 de maio de 2011

Elevação do nível do Rio Jari desabriga mais de 6 mil pessoas em Laranjal




Aproximadamente 6 mil moradores da cidade de Laranjal do Jari estão desabrigados em razão da elevação do nível das águas do Rio Jari, no Sul do Amapá. Os prejuízos sociais e financeiros são incalculáveis visto que o centro comercial é a uma das partes mais afetadas da cidade. Cerca de 300 estabelecimentos comerciais sofreram interrupção total ou parcial e mais de 20 instituições públicas foram fechadas em conseqüência do alagamento ou da transformação em abrigos para as vítimas da enchente. Os bairros Sagrado Coração de Jesus, Malvinas, Santarém, Três Irmãos, Centro, Samaúma, Mirilândia e parte do bairro Nova Esperança foram afetados pelo sinistro. Por medida de segurança, o fornecimento da água tratada para as áreas submersas foi cortado, visto que poderia contaminar toda a rede de abastecimento da CAESA.
Até o fechamento desta edição, os investimentos em estruturação e manutenção dos abrigos, doação de alimentos, material de limpeza e higiene, remédios, locação de veículos (caminhões e barcos) e compra de combustível superavam 300 mil reais. “Desde que deixamos nossa equipe em estado de alerta, a Prefeitura vem atuando com os veículos e guardas municipais na estruturação dos primeiros abrigos e na remoção das vítimas e quando decretamos a Situação de Emergência o Governo do Estado do Amapá – GEA tem assumido todas as despesas”, declarou o Coordenador do COMDEC (Conselho Municipal de Defesa Civil) e Secretário de Políticas Institucionais, Cléber da Mota Cardoso.
Desde janeiro, a equipe do COMDEC já vinha realizando com preocupação o acompanhamento do aumento do nível do rio em parceria com a Defesa Civil Estadual, IEPA e institutos meteorológicos visando tomar as medidas para atenuar as dificuldades das vítimas. A partir de abril o rio sofreu súbita alta do nível chegando a 1,95m, provocando a remoção das primeiras famílias, as quais foram colocadas em abrigos públicos e em casas de amigos e familiares. Desde então, o Rio Jari não parou de subir e no dia 13/04, com 2,30m, a PMLJ decretou Situação de Emergência.
Com o Decreto de Situação de Emergência, o COMDEC passou a receber apoio integral do GEA que disponibilizou servidores públicos, corpo de Bombeiros, funcionários da Secretaria de Inclusão e Mobilização Social - SIMS, além de recursos financeiros para custear todas as despesas geradas pelo desastre, como gêneros alimentícios, estruturação dos abrigos e materiais de limpeza e higiene. As escolas Zélia Conceição, Mineko Hayashida, Tereza Teles, Santo Antônio, Anexo da Santa Lúcia, Nazaré Rodrigues e Vanda Cabête, além da Câmara de Vereadores, Estádio M. Queirogão, Sispumlaj, Associação dos Vigilantes, Clube BQ e Associação dos Taxistas foram transformados em abrigos.
Apesar de se aproximar do término das chuvas regulares, o COMDEC e as autoridades mantém a recomendação para que as vítimas não retornem às suas casas até segunda ordem. A fase da Lua cheia, as constantes chuvas e a elevação do Rio Amazonas que faz com que as águas do Rio Jari represem e seja motivo de preocupação das autoridades até o dia 20 de maio, pelo menos.
A orientação do COMDEC é para que todas as famílias se mantenham nos atuais locais até que tenhamos a segurança de que ao retornarem para suas residências não serão pegas de surpresa. “Quando tivermos essa decisão, somente a partir do dia 20/05, faremos o trabalho de remoção das famílias para as suas casas”, informou. Cléber Cardoso, que já atuou em diversas missões e funções pela Prefeitura de Laranjal na última década, reconhece o sofrimento dos moradores e empreendedores atingidos pelas enchentes, razão pela qual tem buscado amenizar o sofrimento dos mesmos através de várias ações e medidas durante o desastre.
Indagado sobre as parcerias, Cléber Cardoso disse que todas as instituições e voluntários envolvidos trabalham de forma solidária. “As Defesas Civil Estadual e Municipal, funcionários da prefeitura, GEA, sindicatos, associações e todas as pessoas que se dispuseram a ajudar no socorro às vítimas, fizeram isso de forma humanitária, se desprendendo totalmente das cores partidárias e crenças religiosas para contribuir com as famílias atingidas e isso é motivo de muita satisfação num momento tão difícil para todos os laranjalenses”, destacou.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Uma década de opiniões, debates, erros e acertos, críticas e elogios...10 anos se foram no JVJ

Por F. LOPES*

Há exatos 10 anos eu começava a escrever colunas de opinião neste jornal. Quando a gente emite opinião sobre algum fato ou alguma coisa sempre terá uma parte dos receptores contente e outra descontente. Há também o risco, embora muito pequeno, de desagradar a todos os leitores. Eu, orgulhosamente, nunca consegui esse feito, pois para isso teria que ser um péssimo colunista, daqueles que são incoerentes, contraditórios e que mudam de opinião a cada parágrafo. Eu ainda não consegui mudar radicalmente de opinião nos últimos dez anos, quem sabe não mudarei nos próximos 20 ou 30! A minha dificuldade em mudar de posicionamento talvez consista no fato de que tenho pouco contato com políticos!
Esse é mais um aniversário que passa despercebido e nem faço questão de comemorá-lo. Até poderia usá-lo como pretexto para juntar os amigos em torno de uma mesa de bar para tomar algumas cervejas e aparecer na coluna social do jornal, entretanto, detesto subterfúgios.
A primeira vez que escrevi coluna de opinião foi em 1990, na Tribuna de Santa Maria. Estava na tenra idade na qual, dizem os estudiosos da mente humana, a pessoa ainda não tem uma personalidade totalmente formada, mas lá estava eu propagando as mesmas opiniões que emito nos dias atuais: fazendo críticas sobre políticos desonestos, deficiências na segurança pública, na saúde e na educação. O que mudou foi a forma como escrevo. É lógico que no ímpeto da juventude somos muito mais afoitos, radicais e intransigentes.
Durante esta década tive a oportunidade de abordar diversos temas. Já discorri sobre assuntos altamente polêmicos e outros menos intrigantes através dos quais me aproximei de leitores, fiz grandes amizades, conquistei admiradores e até alguns desafetos momentâneos. O fato é que nunca deixei de opinar sobre qualquer situação, por mais embaraçosa e complexa que pareça ser. Gostaria de aproveitar o ensejo para agradecer nominalmente aos vários leitores que acompanham assiduamente a minha coluna, mas correria um enorme risco de cometer uma grave injustiça.
Nesta semana o Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade a união gay, agora também conceituada como união homoafetiva. Na prática, o STF equiparou os relacionamentos heterossexuais aos homossexuais, viabilizando para os homossexuais direitos como pensão, aposentadoria, herança, adoção de filhos e plano de saúde. Já o casamento civil entre pessoas de mesmo sexo ainda é uma incógnita, visto que não foi apreciado pelo STF, entretanto é provável que o reconhecimento da união estável entre homossexuais seja o primeiro passo para que no futuro eles venham conquistar o direito a uma certidão de casamento. O casamento entre gays é um assunto que estremece os pilares das igrejas cristãs mais conservadoras, muito embora tenham que conviver com as denúncias de pedofilia dentro dos seus próprios muros.
Outros assuntos de grande repercussão foram a morte do terrorista Bin Laden e o massacre provocada pelo covarde Wellington Menezes, de 23 anos, numa escola do Realengo, no Rio de Janeiro. Mantendo a tradição contemporânea, os especialistas em comportamento humano esmeraram-se em buscar uma explicação para o absurdo. Parece que conseguiram: o jovem sanguinário teria sofrido bulling (palavra inglesa que significa uma situação que se caracteriza por atos agressivos verbais ou físicos) na própria escola onde resolveu retornar para cometer a barbárie.
Com o massacre, o assunto bulling veio à tona, causando preocupação principalmente em professores e pais de alunos. Apesar de combatida pelos educadores, a depreciação entre os alunos através de apelidos e xingamentos é uma prática comum em todas as escolas brasileiras e difícil de ser erradicada porque foge do alcance dos professores, tendo raízes na educação familiar. O problema só será resolvido quando as famílias adotarem uma nova postura em relação a educação dos seus filhos já nos primeiros anos da criança e quando as autoridades e a sociedade civil organizada voltar a legitimar a autoridade do professor em sala de aula.
Por enquanto é só isso. Espero que estejamos juntos pelas próximas décadas. Veja mais artigos, colunas, poesias, frases e pensamentos em http://www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes. Um cordial abraço!

A rebeldia dos nossos jovens cresce à medida que aumenta a negligência dos nossos pais

A reclamação geral é que os nossos jovens estão cada vez mais irresponsáveis e inconseqüentes. Quase todos os dias ouço comentários de pais sobre os seus filhos, os quais só me faz fortalecer a idéia de não gerar um descendente, afinal, ser pai ou mãe é uma tarefa que exige muita paciência, responsabilidade e principalmente habilidade para distinguir a linha tênue que separa os termos “impor limites” e “autoritarismo”. Fico estarrecido com a fragilidade de muitos pais que conheço, pois apesar de serem pessoas bem intencionadas, acabam transformando seus filhos em pessoas insuportáveis e despreparadas para viver socialmente.
Os pais precisam ter forças suficientes para contrariar o filho, caso contrário, estará alimentando adolescentes rebeldes e adultos agressivos e incapazes de lidar com as frustrações da vida. A negligência de alguns pais é notória. Conheço alguns que, ao invés de colocar os seus filhos para dormir no horário apropriado, preferem criticar a emissora de televisão por transmitir cenas inadequadas para os menores, ou seja, não são capazes de seguir a recomendação que as próprias emissoras fazem todas as vezes que vão colocar uma programação no ar. O Ministério da Justiça classificou as programações por faixas etárias e determina que as emissoras avisem sobre a idade indicativa justamente para que os pais não sejam pegos de surpresa. Cabe a esses pais terem pulso ou não para controlar o que os seus filhos assistem. Parece tão simples!
O descontrole dos pais começa ainda nos primeiros anos da criança. A chamada “birra infantil” pode acontecer em qualquer fase e a regra básica para enfrentar o problema é não se desesperar. A perda do autocontrole irá legitimar o comportamento da criança, que automaticamente irá perceber a semelhança entre sua reação e a dela. Nessas horas, o papel dos pais é ajudar a criança a se controlar, ensinando a ela calmamente as regras da vida real, onde nem sempre “querer é poder”. Afinal, o mundo não oferece de “bandeja” o sim incondicional dos pais permissivos.
Muitos pais, mesmo sem o poder aquisitivo adequado, fazem todos os gostos dos seus filhos comprando tudo o que eles pedem. Ocorre que na medida em que esses filhos vão crescendo também vão ampliando os seus desejos, ou seja, passam a cobrar dos pais objetos tecnológicos e roupas caríssimas que estão longe das condições dos pais. Essa situação representa um grande perigo, pois jovens mal acostumados são capazes de qualquer coisa para continuar ostentando um status incompatível com a sua própria realidade. Pessoas assim são muito mais suscetíveis a entrarem na prostituição ou a cometerem delitos para continuarem mantendo as aparências. Infelizmente muitos pais não têm consciência disso e acreditam justamente no oposto, ou seja, que fazendo todos os gostos dos filhos estarão protegendo-os.
Se alguns pais já não tinham controle sobre os seus filhos antes da internet, imaginem depois que as crianças e adolescentes estão tendo acesso a esse poderosíssimo meio de comunicação. Evitar que os filhos tenham acesso às redes de relacionamentos tais como Orkut, Facebook e Messenger é uma missão quase impossível e ao mesmo tempo talvez seja muito radical nesses tempos modernos. O problema é que esses jovens se tornam presas fáceis demais de pessoas más intencionadas e criminosos em geral, como estelionatários, estupradores e assassinos. A única defesa contra essa vulnerabilidade será o investimento na formação dos filhos e a busca constante do diálogo. Ocorre também que alguns filhos criam nos pais uma falsa impressão de amizade e “transparência total”, contando-lhes detalhes de algumas situações corriqueiras, mas no fundo escondem os assuntos mais sérios e perigosos, ou seja, os filhos geralmente só contam aos pais o que os convêm relatar. E os pais, coitados, afastam qualquer possibilidade de traição!
Outro grande número de pais justifica a negligência alegando que o Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que eles sejam rígidos com os filhos. É mais uma desculpa esfarrapada, pois o que as leis não permitem são os espancamentos e os maus tratos em geral, entretanto, os pais continuam tendo autonomia sobre os filhos de menor idade, inclusive tem poder total para definir quem serão os amigos bem-vindos dentro de suas residências. Dificilmente um promotor de justiça ou um juiz de direito tomará medidas punitivas contra um pai ou uma mãe que cumprem com suas responsabilidades e num momento de desespero usaram de atitudes mais ríspidas para estabelecer limite aos seus filhos. De uma coisa é certa: filhos não vêm junto com um manual e não existe uma receita para educá-los. Cada casal de pais vai descobrir o jeito certo ou errado!!!