quinta-feira, 26 de maio de 2011

Uma década de opiniões, debates, erros e acertos, críticas e elogios...10 anos se foram no JVJ

Por F. LOPES*

Há exatos 10 anos eu começava a escrever colunas de opinião neste jornal. Quando a gente emite opinião sobre algum fato ou alguma coisa sempre terá uma parte dos receptores contente e outra descontente. Há também o risco, embora muito pequeno, de desagradar a todos os leitores. Eu, orgulhosamente, nunca consegui esse feito, pois para isso teria que ser um péssimo colunista, daqueles que são incoerentes, contraditórios e que mudam de opinião a cada parágrafo. Eu ainda não consegui mudar radicalmente de opinião nos últimos dez anos, quem sabe não mudarei nos próximos 20 ou 30! A minha dificuldade em mudar de posicionamento talvez consista no fato de que tenho pouco contato com políticos!
Esse é mais um aniversário que passa despercebido e nem faço questão de comemorá-lo. Até poderia usá-lo como pretexto para juntar os amigos em torno de uma mesa de bar para tomar algumas cervejas e aparecer na coluna social do jornal, entretanto, detesto subterfúgios.
A primeira vez que escrevi coluna de opinião foi em 1990, na Tribuna de Santa Maria. Estava na tenra idade na qual, dizem os estudiosos da mente humana, a pessoa ainda não tem uma personalidade totalmente formada, mas lá estava eu propagando as mesmas opiniões que emito nos dias atuais: fazendo críticas sobre políticos desonestos, deficiências na segurança pública, na saúde e na educação. O que mudou foi a forma como escrevo. É lógico que no ímpeto da juventude somos muito mais afoitos, radicais e intransigentes.
Durante esta década tive a oportunidade de abordar diversos temas. Já discorri sobre assuntos altamente polêmicos e outros menos intrigantes através dos quais me aproximei de leitores, fiz grandes amizades, conquistei admiradores e até alguns desafetos momentâneos. O fato é que nunca deixei de opinar sobre qualquer situação, por mais embaraçosa e complexa que pareça ser. Gostaria de aproveitar o ensejo para agradecer nominalmente aos vários leitores que acompanham assiduamente a minha coluna, mas correria um enorme risco de cometer uma grave injustiça.
Nesta semana o Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade a união gay, agora também conceituada como união homoafetiva. Na prática, o STF equiparou os relacionamentos heterossexuais aos homossexuais, viabilizando para os homossexuais direitos como pensão, aposentadoria, herança, adoção de filhos e plano de saúde. Já o casamento civil entre pessoas de mesmo sexo ainda é uma incógnita, visto que não foi apreciado pelo STF, entretanto é provável que o reconhecimento da união estável entre homossexuais seja o primeiro passo para que no futuro eles venham conquistar o direito a uma certidão de casamento. O casamento entre gays é um assunto que estremece os pilares das igrejas cristãs mais conservadoras, muito embora tenham que conviver com as denúncias de pedofilia dentro dos seus próprios muros.
Outros assuntos de grande repercussão foram a morte do terrorista Bin Laden e o massacre provocada pelo covarde Wellington Menezes, de 23 anos, numa escola do Realengo, no Rio de Janeiro. Mantendo a tradição contemporânea, os especialistas em comportamento humano esmeraram-se em buscar uma explicação para o absurdo. Parece que conseguiram: o jovem sanguinário teria sofrido bulling (palavra inglesa que significa uma situação que se caracteriza por atos agressivos verbais ou físicos) na própria escola onde resolveu retornar para cometer a barbárie.
Com o massacre, o assunto bulling veio à tona, causando preocupação principalmente em professores e pais de alunos. Apesar de combatida pelos educadores, a depreciação entre os alunos através de apelidos e xingamentos é uma prática comum em todas as escolas brasileiras e difícil de ser erradicada porque foge do alcance dos professores, tendo raízes na educação familiar. O problema só será resolvido quando as famílias adotarem uma nova postura em relação a educação dos seus filhos já nos primeiros anos da criança e quando as autoridades e a sociedade civil organizada voltar a legitimar a autoridade do professor em sala de aula.
Por enquanto é só isso. Espero que estejamos juntos pelas próximas décadas. Veja mais artigos, colunas, poesias, frases e pensamentos em http://www.recantodasletras.com.br/autores/ivanlopes. Um cordial abraço!

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