quinta-feira, 26 de maio de 2011

A rebeldia dos nossos jovens cresce à medida que aumenta a negligência dos nossos pais

A reclamação geral é que os nossos jovens estão cada vez mais irresponsáveis e inconseqüentes. Quase todos os dias ouço comentários de pais sobre os seus filhos, os quais só me faz fortalecer a idéia de não gerar um descendente, afinal, ser pai ou mãe é uma tarefa que exige muita paciência, responsabilidade e principalmente habilidade para distinguir a linha tênue que separa os termos “impor limites” e “autoritarismo”. Fico estarrecido com a fragilidade de muitos pais que conheço, pois apesar de serem pessoas bem intencionadas, acabam transformando seus filhos em pessoas insuportáveis e despreparadas para viver socialmente.
Os pais precisam ter forças suficientes para contrariar o filho, caso contrário, estará alimentando adolescentes rebeldes e adultos agressivos e incapazes de lidar com as frustrações da vida. A negligência de alguns pais é notória. Conheço alguns que, ao invés de colocar os seus filhos para dormir no horário apropriado, preferem criticar a emissora de televisão por transmitir cenas inadequadas para os menores, ou seja, não são capazes de seguir a recomendação que as próprias emissoras fazem todas as vezes que vão colocar uma programação no ar. O Ministério da Justiça classificou as programações por faixas etárias e determina que as emissoras avisem sobre a idade indicativa justamente para que os pais não sejam pegos de surpresa. Cabe a esses pais terem pulso ou não para controlar o que os seus filhos assistem. Parece tão simples!
O descontrole dos pais começa ainda nos primeiros anos da criança. A chamada “birra infantil” pode acontecer em qualquer fase e a regra básica para enfrentar o problema é não se desesperar. A perda do autocontrole irá legitimar o comportamento da criança, que automaticamente irá perceber a semelhança entre sua reação e a dela. Nessas horas, o papel dos pais é ajudar a criança a se controlar, ensinando a ela calmamente as regras da vida real, onde nem sempre “querer é poder”. Afinal, o mundo não oferece de “bandeja” o sim incondicional dos pais permissivos.
Muitos pais, mesmo sem o poder aquisitivo adequado, fazem todos os gostos dos seus filhos comprando tudo o que eles pedem. Ocorre que na medida em que esses filhos vão crescendo também vão ampliando os seus desejos, ou seja, passam a cobrar dos pais objetos tecnológicos e roupas caríssimas que estão longe das condições dos pais. Essa situação representa um grande perigo, pois jovens mal acostumados são capazes de qualquer coisa para continuar ostentando um status incompatível com a sua própria realidade. Pessoas assim são muito mais suscetíveis a entrarem na prostituição ou a cometerem delitos para continuarem mantendo as aparências. Infelizmente muitos pais não têm consciência disso e acreditam justamente no oposto, ou seja, que fazendo todos os gostos dos filhos estarão protegendo-os.
Se alguns pais já não tinham controle sobre os seus filhos antes da internet, imaginem depois que as crianças e adolescentes estão tendo acesso a esse poderosíssimo meio de comunicação. Evitar que os filhos tenham acesso às redes de relacionamentos tais como Orkut, Facebook e Messenger é uma missão quase impossível e ao mesmo tempo talvez seja muito radical nesses tempos modernos. O problema é que esses jovens se tornam presas fáceis demais de pessoas más intencionadas e criminosos em geral, como estelionatários, estupradores e assassinos. A única defesa contra essa vulnerabilidade será o investimento na formação dos filhos e a busca constante do diálogo. Ocorre também que alguns filhos criam nos pais uma falsa impressão de amizade e “transparência total”, contando-lhes detalhes de algumas situações corriqueiras, mas no fundo escondem os assuntos mais sérios e perigosos, ou seja, os filhos geralmente só contam aos pais o que os convêm relatar. E os pais, coitados, afastam qualquer possibilidade de traição!
Outro grande número de pais justifica a negligência alegando que o Estatuto da Criança e do Adolescente não permite que eles sejam rígidos com os filhos. É mais uma desculpa esfarrapada, pois o que as leis não permitem são os espancamentos e os maus tratos em geral, entretanto, os pais continuam tendo autonomia sobre os filhos de menor idade, inclusive tem poder total para definir quem serão os amigos bem-vindos dentro de suas residências. Dificilmente um promotor de justiça ou um juiz de direito tomará medidas punitivas contra um pai ou uma mãe que cumprem com suas responsabilidades e num momento de desespero usaram de atitudes mais ríspidas para estabelecer limite aos seus filhos. De uma coisa é certa: filhos não vêm junto com um manual e não existe uma receita para educá-los. Cada casal de pais vai descobrir o jeito certo ou errado!!!

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